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04 MAR 2015
Crianças abandonadas são assunto de ação de marketing social
Carolina Pezzoni, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz

No encalço do sucesso de público da exposição do australiano Ron Mueck, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, que alcançou um número de aproximadamente 400 mil visitantes - batendo o recorde da instituição -, a equipe de criação da agência Lew'LaraTBWA preparou uma ação de marketing para mostrar à população em trânsito na cidade e aos visitantes da mostra uma realidade bem menos visível que as imensas esculturas hiper-realistas do artista: a das crianças vítimas de abandono e maus-tratos, que vivem nas ruas de São Paulo.

Concebida com a função de divulgar o trabalho da Associação Beneficente Santa Fé, que desde 1993 acolhe meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social, envolvendo também suas famílias no atendimento, a ação consiste em reproduzir a escultura ?Boy?, criada por Mueck em 1999, na área externa da exposição, neste sábado (21). Para isso, um ator estará posicionado sobre um cartaz com os dizeres: Quando você vai querer ver gente de verdade?

Segundo Fernando Barcellos, diretor de design da agência e um dos responsáveis pela campanha, esta é uma forma de aproveitar a superexposição que Mueck atraiu para a cidade, e as filas que tem gerado, para provocar o público a notar ?uma criança até então invisível?. ?É uma forma até um pouco dura, que pode gerar um mal-estar em um primeiro momento, mas queremos gerar uma reação nas pessoas para em seguida mostrar que existem alternativas de mudar essa realidade?, esclarece.

Na visão de Márcia Ventura Dias, presidente da Associação Beneficente Santa Fé, ?enquanto as obras de Ron Mueck destacam a observação meticulosa do artista em relação às figuras humanas, a observação que a população destina às crianças abandonadas nas ruas, quando ocorre, não tem a mesma delicadeza e cuidado?. Atualmente, de acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (Idest), existem aproximadamente 24 mil crianças e adolescentes vivendo nas ruas de 75 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes.

A intenção, portanto, não é suprimir a atenção das pessoas para as impressionantes representações humanas criadas pelo artista australiano, mas aproveitar a sensibilização produzida pelo contato com a arte para que elas notem de outra forma o que está ao seu redor. E o gatilho é uma ação de guerrilha, a qual, segundo Barcellos, é capaz de criar uma experiência única para o sujeito, tendo mais chances de ficar registrada em sua memória e, portanto, gerar uma resposta. ?Temos a tendência de lembrar mais das coisas quando elas nos são transmitidas pela experiência?, argumenta.

Confira nesta entrevista do Promenino com o diretor de criação e design da Lew'LaraTBWA alguns pontos de contato entre as crianças em situação de rua e o evento cultural.

Promenino: Entre tantas exposições culturais de grande repercussão na cidade, por que escolheram a de Ron Mueck? O que o trabalho desse artista diz sobre o que deve ser visto e não é?

Fernando Barcellos: O Ron Mueck é um artista muito particular. Seu trabalho traz um olhar muito apurado sobre o ser humano, e ele transmite isso em forma de esculturas, consideradas hiper-realistas e cheias de personalidade. Além disso, esta é uma das exposições mais vistas no mundo no momento, atraindo filas enormes. Por onde passa, as pessoas chegam a esperar três horas para entrar ? aconteceu em Buenos Aires, no Rio de Janeiro e em outras cidades antes de chegar a São Paulo. Aproveitamos então estes dois pontos para tratar desse olhar do artista sobre o ser humano e questionar o olhar da sociedade sobre as crianças que ninguém vê.

Promenino: Então, não é uma questão de desviar o olhar do trabalho do artista para ver outras realidades...

Fernando Barcellos: Muito pelo contrário. A ideia é aproveitar esse olhar apurado que ele destina ao ser humano e imprime a suas esculturas e mostrar para as pessoas que deveríamos fazer o mesmo em relação a essas crianças que estão à margem da sociedade. Lembrando que é algo que acontece com todos nós. Caminhamos pelas ruas da cidade e não nos damos conta de que aquela pessoa ou criança é de verdade, tem nome próprio.

Promenino: Qual é a vantagem em aliar uma ação social a uma exposição cultural de destaque?

Fernando Barcellos: Cabe à arte, entre outras funções que não caberia levantar aqui, questionar o nosso modo de viver em todas as épocas, em várias esferas. Por isso, o que esperamos é que ? após tomarem contato com as esculturas produzidas pelo olhar sensível do artista ? as pessoas estejam sensibilizadas para reparar no que está ao redor delas de uma forma diferente, incluindo a nossa ação, e perceber uma realidade que está aí e não deveria existir.

Promenino: O marketing de guerrilha é uma estratégia comum para ações sociais?

Fernando Barcellos: Acredito nesse tipo de ação porque ela cria uma experiência única para o público-alvo. Neste caso, o público não é tão segmentado, mas o fato é que, quando conseguimos criar uma experiência, temos uma resposta melhor das pessoas. Por natureza, temos a tendência a lembrar mais das coisas quando elas nos são transmitidas dessa forma. Apostamos no marketing de guerrilha neste caso porque queremos uma reação. As pessoas precisam reagir a esse assunto e conhecer o trabalho de pessoas e de organizações como a Santa Fé, que trabalham todos os dias para ajudar aos outros.

Promenino: Acredita que reação provocada gerará polêmica?

Fernando Barcellos: Sim, porém cada vez mais as pessoas estão expostas a incentivos visuais ? antes, haviam os outdoors nas ruas, hoje temos toda a comunicação ao nosso redor - e, neste contexto, está mais difícil tocá-las de forma que elas parem e percebam o que estamos mostrando. Um primeiro choque tem esse papel: fazer com que elas sejam deslocadas do seu dia-a-dia, daquela corrente em que vivem cotidianamente. Então, em um segundo momento, mostraremos uma alternativa.

Promenino: Por que decidiram não informar as pessoas antes sobre a ação?

Fernando Barcellos: Esta é uma ação de guerrilha, que depende, portanto, da surpresa. Costuma ser efetiva porque acontece em momentos nos quais as pessoas não estão esperando um impacto. E o resultado depende muito disso. Estaremos acompanhando as reações no local e também virtualmente, pelos posts que as pessoas fizerem...

Promenino: Quais cuidados precisaram ter no processo para abordar um tema tão delicado em uma ação de marketing? Como garantir que as crianças não fossem vitimizadas ou expostas excessivamente?

Fernando Barcellos: Esse é o ponto mais sensível desta ação. O assunto é difícil em si, mas, por outro lado, não pode deixar de ser abordado, porque é inaceitável que as crianças vivam nas ruas quando na verdade deveriam ter a oportunidade de construir um futuro positivo para si.

Promenino: Qual é a expectativa da Associação Beneficente Santa Fé em relação à população?

Fernando Barcellos: Seria melhor que eles mesmos respondessem, mas na minha visão a associação espera que a situação das crianças que vivem nas ruas deixe de ser uma realidade. Temos de lembrar também que não existem ?crianças de rua?, mas sim crianças que vivem na rua, porque ?crianças de rua? seria admitir um status quo, enquanto essa realidade é, na verdade, situacional.

Promenino: O que as pessoas podem fazer para ajudar? Como a campanha faz com que as pessoas assumam responsabilidade e tomem uma ação?

Fernando Barcellos: No dia da ação, o nosso objetivo primeiro é causar um impacto e gerar o famoso buzz: que as pessoas comentem, postem e falem sobre isso. Divulgaremos um link no pôster que direciona para o site da Associação, onde estão todas as informações sobre o trabalho deles. Em um segundo momento, vamos realizar um documentário, com a ação e entrevistas sobre o tema. A mensagem é de que ninguém precisa salvar o mundo, mas oferecer as ferramentas necessárias para que uma criança ou adolescente que vive na rua se desenvolva é oferecer uma chance de ela construir o próprio destino. É se colocar em uma posição não de salvador, mas de apoiador, porque no fim das contas o mérito é todo das próprias crianças e jovens.

Fonte: http://www.promenino.org.br/noticias/notas/criancas-abandonadas-sao-assunto-de-acao-de-marketing-social
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04 MAR 2015
Crianças abandonadas são assunto de ação de marketing social
Carolina Pezzoni, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz No encalço do sucesso de público da exposição do australiano Ron Mueck, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, que alcançou um número de aproximadamente 400 mil visitantes - batendo o recorde da instituição -, a equipe de criação da agência Lew'LaraTBWA preparou uma ação de marketing para mostrar à população em trânsito na cidade e aos visitantes da mostra uma realidade bem menos visível que as imensas esculturas hiper-realistas do artista: a das crianças vítimas de abandono e maus-tratos, que vivem nas ruas de São Paulo. Concebida com a função de divulgar o trabalho da Associação Beneficente Santa Fé, que desde 1993 acolhe meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social, envolvendo também suas famílias no atendimento, a ação consiste em reproduzir a escultura ?Boy?, criada por Mueck em 1999, na área externa da exposição, neste sábado (21). Para isso, um ator estará posicionado sobre um cartaz com os dizeres: Quando você vai querer ver gente de verdade? Segundo Fernando Barcellos, diretor de design da agência e um dos responsáveis pela campanha, esta é uma forma de aproveitar a superexposição que Mueck atraiu para a cidade, e as filas que tem gerado, para provocar o público a notar ?uma criança até então invisível?. ?É uma forma até um pouco dura, que pode gerar um mal-estar em um primeiro momento, mas queremos gerar uma reação nas pessoas para em seguida mostrar que existem alternativas de mudar essa realidade?, esclarece. Na visão de Márcia Ventura Dias, presidente da Associação Beneficente Santa Fé, ?enquanto as obras de Ron Mueck destacam a observação meticulosa do artista em relação às figuras humanas, a observação que a população destina às crianças abandonadas nas ruas, quando ocorre, não tem a mesma delicadeza e cuidado?. Atualmente, de acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (Idest), existem aproximadamente 24 mil crianças e adolescentes vivendo nas ruas de 75 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. A intenção, portanto, não é suprimir a atenção das pessoas para as impressionantes representações humanas criadas pelo artista australiano, mas aproveitar a sensibilização produzida pelo contato com a arte para que elas notem de outra forma o que está ao seu redor. E o gatilho é uma ação de guerrilha, a qual, segundo Barcellos, é capaz de criar uma experiência única para o sujeito, tendo mais chances de ficar registrada em sua memória e, portanto, gerar uma resposta. ?Temos a tendência de lembrar mais das coisas quando elas nos são transmitidas pela experiência?, argumenta. Confira nesta entrevista do Promenino com o diretor de criação e design da Lew'LaraTBWA alguns pontos de contato entre as crianças em situação de rua e o evento cultural. Promenino: Entre tantas exposições culturais de grande repercussão na cidade, por que escolheram a de Ron Mueck? O que o trabalho desse artista diz sobre o que deve ser visto e não é? Fernando Barcellos: O Ron Mueck é um artista muito particular. Seu trabalho traz um olhar muito apurado sobre o ser humano, e ele transmite isso em forma de esculturas, consideradas hiper-realistas e cheias de personalidade. Além disso, esta é uma das exposições mais vistas no mundo no momento, atraindo filas enormes. Por onde passa, as pessoas chegam a esperar três horas para entrar ? aconteceu em Buenos Aires, no Rio de Janeiro e em outras cidades antes de chegar a São Paulo. Aproveitamos então estes dois pontos para tratar desse olhar do artista sobre o ser humano e questionar o olhar da sociedade sobre as crianças que ninguém vê. Promenino: Então, não é uma questão de desviar o olhar do trabalho do artista para ver outras realidades... Fernando Barcellos: Muito pelo contrário. A ideia é aproveitar esse olhar apurado que ele destina ao ser humano e imprime a suas esculturas e mostrar para as pessoas que deveríamos fazer o mesmo em relação a essas crianças que estão à margem da sociedade. Lembrando que é algo que acontece com todos nós. Caminhamos pelas ruas da cidade e não nos damos conta de que aquela pessoa ou criança é de verdade, tem nome próprio. Promenino: Qual é a vantagem em aliar uma ação social a uma exposição cultural de destaque? Fernando Barcellos: Cabe à arte, entre outras funções que não caberia levantar aqui, questionar o nosso modo de viver em todas as épocas, em várias esferas. Por isso, o que esperamos é que ? após tomarem contato com as esculturas produzidas pelo olhar sensível do artista ? as pessoas estejam sensibilizadas para reparar no que está ao redor delas de uma forma diferente, incluindo a nossa ação, e perceber uma realidade que está aí e não deveria existir. Promenino: O marketing de guerrilha é uma estratégia comum para ações sociais? Fernando Barcellos: Acredito nesse tipo de ação porque ela cria uma experiência única para o público-alvo. Neste caso, o público não é tão segmentado, mas o fato é que, quando conseguimos criar uma experiência, temos uma resposta melhor das pessoas. Por natureza, temos a tendência a lembrar mais das coisas quando elas nos são transmitidas dessa forma. Apostamos no marketing de guerrilha neste caso porque queremos uma reação. As pessoas precisam reagir a esse assunto e conhecer o trabalho de pessoas e de organizações como a Santa Fé, que trabalham todos os dias para ajudar aos outros. Promenino: Acredita que reação provocada gerará polêmica? Fernando Barcellos: Sim, porém cada vez mais as pessoas estão expostas a incentivos visuais ? antes, haviam os outdoors nas ruas, hoje temos toda a comunicação ao nosso redor - e, neste contexto, está mais difícil tocá-las de forma que elas parem e percebam o que estamos mostrando. Um primeiro choque tem esse papel: fazer com que elas sejam deslocadas do seu dia-a-dia, daquela corrente em que vivem cotidianamente. Então, em um segundo momento, mostraremos uma alternativa. Promenino: Por que decidiram não informar as pessoas antes sobre a ação? Fernando Barcellos: Esta é uma ação de guerrilha, que depende, portanto, da surpresa. Costuma ser efetiva porque acontece em momentos nos quais as pessoas não estão esperando um impacto. E o resultado depende muito disso. Estaremos acompanhando as reações no local e também virtualmente, pelos posts que as pessoas fizerem... Promenino: Quais cuidados precisaram ter no processo para abordar um tema tão delicado em uma ação de marketing? Como garantir que as crianças não fossem vitimizadas ou expostas excessivamente? Fernando Barcellos: Esse é o ponto mais sensível desta ação. O assunto é difícil em si, mas, por outro lado, não pode deixar de ser abordado, porque é inaceitável que as crianças vivam nas ruas quando na verdade deveriam ter a oportunidade de construir um futuro positivo para si. Promenino: Qual é a expectativa da Associação Beneficente Santa Fé em relação à população? Fernando Barcellos: Seria melhor que eles mesmos respondessem, mas na minha visão a associação espera que a situação das crianças que vivem nas ruas deixe de ser uma realidade. Temos de lembrar também que não existem ?crianças de rua?, mas sim crianças que vivem na rua, porque ?crianças de rua? seria admitir um status quo, enquanto essa realidade é, na verdade, situacional. Promenino: O que as pessoas podem fazer para ajudar? Como a campanha faz com que as pessoas assumam responsabilidade e tomem uma ação? Fernando Barcellos: No dia da ação, o nosso objetivo primeiro é causar um impacto e gerar o famoso buzz: que as pessoas comentem, postem e falem sobre isso. Divulgaremos um link no pôster que direciona para o site da Associação, onde estão todas as informações sobre o trabalho deles. Em um segundo momento, vamos realizar um documentário, com a ação e entrevistas sobre o tema. A mensagem é de que ninguém precisa salvar o mundo, mas oferecer as ferramentas necessárias para que uma criança ou adolescente que vive na rua se desenvolva é oferecer uma chance de ela construir o próprio destino. É se colocar em uma posição não de salvador, mas de apoiador, porque no fim das contas o mérito é todo das próprias crianças e jovens.
Fonte: http://www.promenino.org.br/noticias/notas/criancas-abandonadas-sao-assunto-de-acao-de-marketing-social
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