Um novo tratamento com dois fármacos antirretrovirais, um deles genérico, se mostrou igualmente eficaz ao tratamento triplo habitual contra o HIV. Essa nova opção tem a mesma tolerância nos pacientes e é mais barata, segundo um estudo.
A pesquisa, que foi publicada nesta segunda-feira pela revista "Lancet Infectious Diseases", confirma que é possível simplificar o tratamento do HIV com a mesma eficácia que os fármacos atuais, afirma chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e HIV do Hospital Clínic de Barcelona, Josep María Gatell.
Como a infecção pelo vírus do HIV se transformou em uma doença crônica graças aos fármacos, que impedem sua replicação, os médicos estão buscando estratégias terapêuticas que simplifiquem o tratamento para melhorar a aderência dos pacientes e o custo-benefício.
Assim, o estudo coordenado pelo diretor científico do grupo de Aids e Doenças Infecciosas do Hospital La Paz de Madri, José R. Arribas, e pelo doutor Josep María Gatell, demonstra que o tratamento com dois fármacos antirretrovirais tem a mesma eficácia e o mesmo grau de tolerância que o tratamento triplo padrão.
Gatell lembra que as pessoas infectadas pelo vírus do HIV têm que seguir com um tratamento antirretroviral, que, embora não cura a infecção, consegue diminuir a carga viral até níveis indetectáveis. Diminui também o risco de transmissão do vírus, com o qual as pessoas infectadas possam levar uma vida sã.
No entanto, os guias clínicos atuais ainda recomendam seguir com um regime antirretroviral padrão com três fármacos quando os pacientes conseguiram controlar a carga viral.
O estudo, em que participaram 250 pacientes de 32 hospitais da Espanha e França, compara um tratamento dual com o tratamento padrão com três fármacos.
Os pesquisadores administraram o tratamento dual com um inibidor da protease, 'lopinavir-ritonavir', e um inibidor da transcriptase inversa -enzima necessária para que o vírus se replique-, a 'lamivudina', ou continuaram com o tratamento triplo que já estava sendo ministrado nos pacientes com estes dois fármacos, mais outro inibidor da transcriptase inversa.
Os resultados demonstraram que a combinação de dois fármacos permite manter a carga viral baixa com a mesma eficácia e melhor tolerância que com três.
Gatell avança, além disso, que "o estudo abre as portas para testar outras combinações duplas em paciente selecionados com carga viral já indetetável".
Por sua lado, o doutor Arribas considera que graças aos resultado do estudo "dispomos de uma estratégia de tratamento contra o HIV que vai evitar aos pacientes alguns efeitos tóxicos. Além disso, representa uma economia, já que são utilizados só dois remédios e um deles já é genérico".
No estudo, financiado por Abbvie Pharmaceutical, participaram também pesquisadores de outros hospitais espanhóis e vários franceses.
Fonte : 'Galileu' com informações da 'EFE'
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