O Foaesp (Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo) divulgou, nesse sábado (18), nota sobre os últimos dados da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre aids. Segundo o documento, o Fórum reconhece os avanços da aids no Brasil apontados no relatório, mas observa que falta investimento nas áreas de atenção e cuidado.
A nota diz ainda que os avanços citados pela ONU não são recentes. "A dispensação de medicamentos ARV é de 1996, a produção de genéricos de 2002 e o licenciamento compulsório de 2007. De lá para cá poucas novidades no enfrentamento, principalmente no campo da prevenção onde o investimento na promoção do uso do preservativo estacionou."
Veja o documento a seguir:
O Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, vem através desta nota se manifestar sobre recente relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas ( ONU) sobre a Aids no mundo e que aponta alguns avanços na resposta da epidemia no Brasil e indica que o crescimento dos casos no país, especialmente entre população jovem e vulnerável.
Reconhecemos o aumento da oferta de testagem, mas nos chama a atenção que tais avanços não seguem acompanhados de respectivos investimentos nas áreas de atenção e cuidado. Atualmente se nota um estrangulamento na retaguarda de atendimento, que se materializa principalmente na demora entre o resultado e a primeira consulta, na realização de exames específicos e no acompanhamento especializado, em especial quando o paciente é co-infecctado.
O relatório aponta avanços já há muito conhecidos no âmbito de quem vive e milita na causa da saúde pública e do HIV/Aids. A dispensação de medicamentos ARV é de 1996, a produção de genéricos de 2002 e o licenciamento compulsório de 2007. De lá para cá poucas novidades no enfrentamento, principalmente no campo da prevenção onde o investimento na promoção do uso do preservativo estacionou, o badalado ? testar e tratar? já é velho conhecido e as chamadas alternativas medicamentos de prevenção ainda não se consolidaram. Tudo isto resulta em algo já sentido há muito tempo pela sociedade civil: o aumento no número de casos.
Diante disto entendemos que somente com investimentos maciços de recursos financeiros e humanos e, principalmente, vontade politica que poderemos realmente atuar sobre o controle da epidemia e promover ações de Direitos Humanos e verdadeiro empoderamento das populações mais atingidas. A discussão para a criação de um consenso de prevenção que aponte práticas seguras, além do uso dos preservativos, como a fomentação da discussão de hierarquia de riscos, circuncisão, PREP e PEP é urgente e deve ouvir todos os envolvidos e suas representações.
Sem uma política efetiva de prevenção implementada, continuaremos a ver os números absurdos de mortos crescendo.
Quem vive o dia a dia da luta contra a aids conhece sua realidade e seus problemas e sabe que há ainda muito caminho a percorrer para resolver a imensa problemática que envolve as ações de prevenção e tratamento no Brasil. Enquanto isto não temos o que comemorar e qualquer ação que envolva este tipo de festividade é uma afronta e um desrespeito a todos os que sofrem com o descaso do Estado.
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