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26 JUL 2015 |
Aids: de doença desconhecida a epidemia "perto" do controle, destaca "O Globo" |
O jornal O Globo publicou hoje (20) uma breve retrospectiva de suas principais coberturas sobre a aids, desde a década de noventa até as últimas notícias. Veja abaixo a matéria na integra: No início da década de 1980, o jornal O Globo começou a publicar reportagens sobre uma síndrome ainda desconhecida e, na época, fatal: a aids. A primeira vez que uma notícia sobre a ?doença misteriosa? apareceu no jornal foi em dezembro de 1981: ?Homossexuais masculinos, em particular os viciados em drogas, estão sujeitos a uma enfermidade misteriosa, que reduz a imunidade natural às infecções e, com frequência, os leva à morte?, dizia a reportagem. No início, a doença era chamada de "câncer gay" e seu vírus, o HIV, só foi descoberto oficialmente em 1983 pelo imunologista francês Luc Montagnier. Ele se espalhou rapidamente, transformando-se numa das maiores epidemias da humanidade. Hoje, no entanto, segundo a ONU, ela pode estar relativamente próxima de ser controlada. A aids surgiu como uma notícia de folhetim: a carga dramática envolvia sexo, sangue e drogas, o que tornou o preconceito, logo de cara, muito grande. A doença era associada a uma vida desregrada, uma espécie de castigo e punição, conta Veriano Terto Jr., doutor em Saúde Coletiva e assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). Hoje com 53 anos, ele se lembra de quando, em 1983, começou a ouvir, pelos corredores da faculdade de Psicologia, sobre casos de infectados com o vírus. Só na segunda metade dos anos 1980 o enfrentamento à aids virou política pública, recorda. O próprio fundador da Abia, Betinho, contrariou a ideia de que a imunodeficiência adquirida era um mal que acometia somente homossexuais. Ele e seus dois irmãos, Henfil e Chico Mário, contraíram a doença por transfusões de sangue, e morreram dela. Antes da "lei do sangue", que veio com a Constituição de 1988, os bancos de sangue não passavam por fiscalização do governo. Qualquer um poderia doar sem ser testado antes, e isso foi devastador, destaca Terto Jr. Em 5 de junho de 1983, O Globo noticiou a morte de um dos primeiros brasileiros infectados com o vírus. O costureiro Marcus Vinícius Resende Gonçalves, o Markito, trabalhava para cantoras e atrizes brasileiras, e adoeceu seis meses antes de morrer, em um hospital de Nova York. O jornal dedicou, no final daquele mesmo mês de 1983, uma página inteira à doença, desta vez já batizada. Com letras garrafais, a sigla "aids" vinha acima do título A luta dos EUA contra uma doença misteriosa e mortífera?. A reportagem da correspondente do O Globo em Nova York na época, Sonia Nolasco-Ferreira, destacava que (...) não é só um problema grave a mais para a saúde pública. É um problema social. (...) Não é só o sistema imunológico que a doença destrói. Isolamento, insegurança ? financeira e emocional ?, culpa e pânico são os sintomas da aids?. A reportagem mostrava ainda casos em que as pessoas infectadas não se encaixavam nos grupos de risco da época (homossexuais, imigrantes haitianos, hemofílicos e usuários de drogas). A infecção de famosos ao redor do mundo como o cantor Fred Mercury e o filósofo Michel Foucault aumentou a percepção da gravidade. No Brasil, onde os primeiros casos foram identificados em 1982, a doença matou, entre outros, o ator Lauro Corona e os cantores Renato Russo e Cazuza. A expectativa da descoberta de uma cura para a aids já pairava no ar desde o início daquela década. Em abril de 1983, um médico carioca chamado Sérgio Nabuco Coelho Gomes anunciou ter descoberto uma forma de transferir imunidade celular àquelas pessoas com a infecção. Até agora, porém, a cura ainda não surgiu. Segundo um relatório divulgado na terça-feira da semana passada pelo Unaids, programa das Nações Unidas sobre HIV/aids, existe a possibilidade de, em 2030, a doença estar controlada com menos de 200 mil novos casos de infecção por ano, número bem menor que os 2 milhões registrados atualmente. Isso significaria que a epidemia de aids no mundo teria a duração de, no máximo, 50 anos. É uma meta ambiciosa, mas realista?, declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Fonte : 'O Globo' |
Fonte: http://agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/23714#.VdIvVbJViko |
26 JUL 2015 |
Aids: de doença desconhecida a epidemia "perto" do controle, destaca "O Globo" |
O jornal O Globo publicou hoje (20) uma breve retrospectiva de suas principais coberturas sobre a aids, desde a década de noventa até as últimas notícias. Veja abaixo a matéria na integra: No início da década de 1980, o jornal O Globo começou a publicar reportagens sobre uma síndrome ainda desconhecida e, na época, fatal: a aids. A primeira vez que uma notícia sobre a ?doença misteriosa? apareceu no jornal foi em dezembro de 1981: ?Homossexuais masculinos, em particular os viciados em drogas, estão sujeitos a uma enfermidade misteriosa, que reduz a imunidade natural às infecções e, com frequência, os leva à morte?, dizia a reportagem. No início, a doença era chamada de "câncer gay" e seu vírus, o HIV, só foi descoberto oficialmente em 1983 pelo imunologista francês Luc Montagnier. Ele se espalhou rapidamente, transformando-se numa das maiores epidemias da humanidade. Hoje, no entanto, segundo a ONU, ela pode estar relativamente próxima de ser controlada. A aids surgiu como uma notícia de folhetim: a carga dramática envolvia sexo, sangue e drogas, o que tornou o preconceito, logo de cara, muito grande. A doença era associada a uma vida desregrada, uma espécie de castigo e punição, conta Veriano Terto Jr., doutor em Saúde Coletiva e assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). Hoje com 53 anos, ele se lembra de quando, em 1983, começou a ouvir, pelos corredores da faculdade de Psicologia, sobre casos de infectados com o vírus. Só na segunda metade dos anos 1980 o enfrentamento à aids virou política pública, recorda. O próprio fundador da Abia, Betinho, contrariou a ideia de que a imunodeficiência adquirida era um mal que acometia somente homossexuais. Ele e seus dois irmãos, Henfil e Chico Mário, contraíram a doença por transfusões de sangue, e morreram dela. Antes da "lei do sangue", que veio com a Constituição de 1988, os bancos de sangue não passavam por fiscalização do governo. Qualquer um poderia doar sem ser testado antes, e isso foi devastador, destaca Terto Jr. Em 5 de junho de 1983, O Globo noticiou a morte de um dos primeiros brasileiros infectados com o vírus. O costureiro Marcus Vinícius Resende Gonçalves, o Markito, trabalhava para cantoras e atrizes brasileiras, e adoeceu seis meses antes de morrer, em um hospital de Nova York. O jornal dedicou, no final daquele mesmo mês de 1983, uma página inteira à doença, desta vez já batizada. Com letras garrafais, a sigla "aids" vinha acima do título A luta dos EUA contra uma doença misteriosa e mortífera?. A reportagem da correspondente do O Globo em Nova York na época, Sonia Nolasco-Ferreira, destacava que (...) não é só um problema grave a mais para a saúde pública. É um problema social. (...) Não é só o sistema imunológico que a doença destrói. Isolamento, insegurança ? financeira e emocional ?, culpa e pânico são os sintomas da aids?. A reportagem mostrava ainda casos em que as pessoas infectadas não se encaixavam nos grupos de risco da época (homossexuais, imigrantes haitianos, hemofílicos e usuários de drogas). A infecção de famosos ao redor do mundo como o cantor Fred Mercury e o filósofo Michel Foucault aumentou a percepção da gravidade. No Brasil, onde os primeiros casos foram identificados em 1982, a doença matou, entre outros, o ator Lauro Corona e os cantores Renato Russo e Cazuza. A expectativa da descoberta de uma cura para a aids já pairava no ar desde o início daquela década. Em abril de 1983, um médico carioca chamado Sérgio Nabuco Coelho Gomes anunciou ter descoberto uma forma de transferir imunidade celular àquelas pessoas com a infecção. Até agora, porém, a cura ainda não surgiu. Segundo um relatório divulgado na terça-feira da semana passada pelo Unaids, programa das Nações Unidas sobre HIV/aids, existe a possibilidade de, em 2030, a doença estar controlada com menos de 200 mil novos casos de infecção por ano, número bem menor que os 2 milhões registrados atualmente. Isso significaria que a epidemia de aids no mundo teria a duração de, no máximo, 50 anos. É uma meta ambiciosa, mas realista?, declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Fonte : 'O Globo' |
Fonte: http://agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/23714#.VdIvVbJViko |