O estudo publicado, na última quarta-feira, pela revista cientifica ?Clinical Infectious Diseases?, durou 2,5 anos e mostrou que nenhum participante que fez o uso diário da PreP (profilaxia Pré-exposição) foi infectado pelo vírus HIV. A pesquisa realizada em San Franscico (EUA) e coordenada por Jonathan Volk, médico e epidemiologista do Kaiser Permanente San Francisco Medical Center, observou 657 pessoas com idade média de 37 anos, em que a maioria (99%) delas pertencia ao grupo HSH (Homens que fazem Sexo com Homens).
?Fomos os primeiros a testar a PrEP no mundo real?, disse Jonathan Volk. ?Até agora, a maior parte das evidências que atestam a eficácia da prevenção veio de estudos clínicos e demonstrações laboratoriais?, concluiu.
Dentre os escolhidos para o estudo, 143 participantes responderam previamente algumas perguntas sobre seu comportamento sexual. Muitos relataram ter um parceiro fixo já infectado pelo HIV ou ter muitos parceiros.
No final, 74% deles disseram que não mudaram seus comportamentos sexuais durante o estudo, 15% apresentaram uma diminuição no número de parceiros, enquanto 11% tiveram mais parceiros. Já em 56% dos casos o uso da camisinha não mudou, mas em 41% diminuiu e em 3% aumentou.
Depois de seis meses de tratamento, testes mostraram que 30% dos que estavam em terapia foram diagnosticados com pelo menos uma doença sexualmente transmissível. Doze meses depois, o número aumentou para 50%. Mas, nenhum deles apresentou infecção pelo vírus HIV.
Os participantes também foram acompanhados de perto para análise dos rins, pois mudanças na função do órgão fazem parte dos efeitos colaterais do Truvada, no entanto, segundo os pesquisadores, nenhuma alteração significativa foi observada.
Para o Observador, apesar dos resultados, não é possível tirar conclusões exatas sobre a relação entre o uso do Truvada e a redução do uso do preservativo. A coautora da pesquisa, Julia Marcus, afirmou que apenas analisando um grupo de controle seria possível afirmar que essa redução aconteceu exclusivamente por causa do uso do medicamento.
No Brasil, um grande estudo clínico e similar ao americano está sendo feito pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, e pela USP, em São Paulo. Os resultados devem sair nos próximos dois anos. Ambos os estudos, o brasileiro e o americano, fazem uma análise de aspectos comportamentais relacionados ao uso da PreP ? como adesão ao tratamento em pessoas mais vulneráveis ao vírus e uso da camisinha associada à terapia.
Fonte : Brasileiros com informação do Observador
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