Na 5ª Conferência da Europa do Leste e Ásia Central sobre o HIV/aids, que começou nesta quarta-feira (23), em Moscou, Michel Sidibé, diretor-executivo do Unaids (Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids) se mostrou otimista em relação ao mundo alcançar até 2030 a meta de acabar com a epidemia de HIV/aids. ?Mas, para isso, é preciso o esforço de toda a comunidade internacional?, destacou. ? E, nos próximos cinco anos, será necessário redobrar os esforços para acabar com a epidemia", enfatizou, ao advertir que a autocomplacência é o "pior inimigo" nessa luta.
Este ano, o evento, que dura três dias, tem como lema ?Cooperação Global na Luta Contra o HIV/aids: Cada Vida é Importante?. Mais de dois mil especialistas de 72 países marcam presença no fórum onde são compartilhadas experiências e discussões sobre os caminhos para acabar com a epidemia que já matou mais de 40 milhões de pessoas no mundo.
"É um espaço de debate para renomados cientistas de diversos países", definiu a chefe do Serviço Federal da Rússia de Epidemiologia e Defesa do Consumidor, Anna Povova. Segundo ela, a participação da sociedade civil, de pessoas com HIV e das organizações religiosas também representa grande importância, pois suas opiniões são fundamentais na elaboração de políticas e adoção de medidas.
Epidemia na Rússia
A epidemia de aids continua aumentando na Rússia, onde há cerca de 800 mil soropositivos doentes, segundo alertaram as autoridades de saúde do país durante a abertura da conferência, que prestou uma homenagem às vítimas dos sangrentos atentados terroristas realizados ontem no aeroporto e em uma estação de metrô de Bruxelas, na Bélgica.
"Temos os recursos para controlar a epidemia", afirmou a vice-primeira-ministra russa para Assuntos Sociais, Olga Golodets. Ela destacou os avanços conseguidos pelo país nos últimos anos, mas ressaltou a necessidade de se esforçar ainda mais para alcançar esse objetivo.
Segundo Golodets, no ano passado foram detectadas na Rússia 93 mil casos de aids. O país conta com 793 mil soropositivos.
"Para a Rússia, o problema do HIV e da aids tem uma enorme importância, pois anualmente o número de casos aumenta entre 10% e 12%", afirmou a ministra da Saúde russa, Veronika Skvortova.
De acordo com Skvortova, a epidemia de HIV/aids tem especial gravidade nas regiões do país por onde passam as principais rotas do tráfico de drogas.
A ministra enfatizou que nos últimos dez anos aumentou o número de infecções entre heterossexuais, que atualmente representam 40% do total dos novos casos, ainda abaixo dos registrados entre usuários de drogas, que é de 57%. ?A doença se propaga fora dos grupos de risco e já afeta toda a população?, ressaltou.
Entre as conquistas da Saúde russa, Skvortsova destacou a drástica redução da transmissão vertical, de mãe para bebê, já que atualmente 98% dos filhos de portadoras de HIV nascem saudáveis.
Além disso, também como dado positivo, ressaltou que 75% das pessoas com aids e portadoras de HIV do país se encontram sob controle médico.
Uma das tarefas do governo russo, segundo a ministra, é reduzir os custos dos tratamentos farmacêuticos e desenvolver a produção própria de antirretrovirais. Skvortsova disse que é importante centralizar as compras, o que ajudará a reduzir os custos dos tratamentos, que na Rússia são arcados pelo governo.
?Avaliamos altamente o compromisso do governo russo com os esforços para pôr fim à epidemia", disse Michel Sidibé.
Fonte : site da revista "Exame"
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