Por Danilo Mekari, do Portal Aprendiz, com Cidade Escola Aprendiz
A comunidade carioca do Morro de Santa Marta desfrutou uma manhã única no dia 23 de abril de 2015. Nesta data, na qual se comemorou o Dia Internacional do Livro, as centenas de crianças que habitam o local levantaram suas pipas especialmente produzidas para o momento: seus papéis de seda continham trechos de diversas histórias infantis de autores brasileiros como Ziraldo, Ana Maria Machado, Pedro Bandeira e Roseana Murray, entre outros.
Naquele amanhecer, as 500 pipas distribuÃdas pelo Instituto Pró-Livro (IPL) rapidamente preencheram a paisagem do morro, colorindo a comunidade e dando vida ao projeto Céu de Histórias, que utilizou um dos brinquedos mais adorados das crianças para estimular a leitura nessa fase tão importante para o desenvolvimento integral.
?É uma forma de criar uma representação mais positiva em relação ao livro e à literatura?, explica Zoara Faila, gerente executiva de projetos do IPL. Para ela, uma experiência prazerosa relacionada às histórias escritas pode aumentar o número de leitores na região. ?Essa ação abre uma oportunidade para as crianças explorarem esse universo que
é a literatura, além de utilizar o espaço de uma forma democrática, criativa e lúdica.?
Uma pipa solta no céu está em disputa, e os organizadores não enxergam isso como um problema. Ao contrário: a pipa cortada cairá em outro local da comunidade e será lida por ainda mais crianças. Ao final da brincadeira, inúmeras cópias dos livros que tiveram fragmentos utilizados na ação foram doados à biblioteca comunitária. ?Queremos que a pipa crie curiosidade e seja um convite para as crianças lerem o livro na Ãntegra?, afirma Zoara.
Desde 2006, o Instituto Pró-Livro contribui para o desenvolvimento de ações que transformem o Brasil em um paÃs leitor.
De acordo com a pesquisa, apesar de ter o maior público consumidor editorial do paÃs, o Rio de Janeiro possui a menor concentração de leitores com idade entre cinco e 13 anos. Zoara vê com simpatia as ações de estÃmulo à leitura que ocorrem nos espaços públicos (como o projeto Leitura no vagão) e acredita que eles deveriam ser contemplados por polÃticas públicas para serem ampliados, e não pulverizados. ?É fundamental que essas iniciativas aconteçam em espaços abertos, democráticos, que permitam o acesso a todos ? e não um lugar institucional que inibe a presença das pessoas, um espaço não aberto de estudo e pesquisa, como as bibliotecas.? O Céu de Histórias busca patrocinadores para promover a ação em outras comunidades do Rio de Janeiro |